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Mercado doméstico deverá ser o responsável pelo crescimento das vendas de móveis em 2013

 

A produção industrial de móveis deve crescer 3,0% neste ano, após alta de 0,7% em 2012. Essa elevação deve ser impulsionada pelas vendas no mercado doméstico em função do crescimento das vendas de imóveis, incluindo o programa habitacional “Minha Casa, Minha Vida”, das condições favoráveis do crédito habitacional e do aumento de emprego e renda. O IPI em patamar ainda inferior ao original também deve contribuir para a ampliação das vendas no início do ano. Por outro lado, as exportações devem manter sua trajetória de baixo crescimento com a recuperação ainda modesta dos países desenvolvidos, tradicionais clientes do setor, e a migração das vendas para países emergentes.



As exportações, que já representaram mais de 15% do faturamento do setor em 2004, vêm perdendo força, chegando a  responder por 3,9% em 2012. Três fatores explicam este forte recuo das vendas externas: (1) a apreciação da taxa de câmbio, que tornou os móveis brasileiros menos competitivos; (2) os preços dos produtos chineses, mais competitivos, que resultaram no crescimento da participação da China  na produção e exportação mundial de móveis; (3) a demanda vinda dos EUA e da Europa, principais países de destino das exportações brasileiras, que tem se mostrado mais fraca nos últimos anos. Para ilustrar, as vendas para EUA e Europa respondiam por 67% do valor das exportações em 2000 e recuaram para 35% em 2012. Em compensação, a participação das exportações para Angola aumentaram de 0,1% em 2000 para 7,8% em 2012. Já as exportações para a Argentina se elevaram de 16% para 17,6% no mesmo período.


Esta diversificação possibilitou o aumento do quantum exportado nos dois últimos anos, o que contribuiu para que a expansão da produção de móveis não desacelerasse ainda mais. A queda da participação das exportações de móveis no faturamento se deve, em grande medida, ao recuo dos preços médios no período, saindo de US$ 58,35 a unidade em 2010 para US$ 39,17 em 2012. Tal fato nos sugere que a elevação da quantidade se deu com produtos de menor valor agregado.


Como não acreditamos que a demanda externa exibirá forte recuperação, a elevação de 3,0% na produção de móveis projetada para 2013 será pautada pelo desempenho do mercado doméstico. Um dos principais fatores será o mercado imobiliário, cujo desempenho negativo nos dois últimos anos, com queda de 21% em 2011 e 4,8% em 20122 ajudou a explicar o baixo crescimento da produção de móveis no período. Para este ano, esperamos uma recuperação das vendas de imóveis, com acréscimo de 6,0%, o que irá contribuir positivamente para a recuperação do setor moveleiro. A expansão de 26,5% do crédito imobiliário neste ano reforça nossa expectativa de elevação das vendas.


O programa habitacional “Minha Casa, Minha Vida” também deve contribuir para o aumento do consumo de móveis: a quantidade de moradias a serem entregues até o final de 2014 foi elevada de 2,0 milhões para 2,4 milhões, das quais metade já foi entregue. Além disso, o governo estuda uma linha especial de financiamento para a aquisição de móveis para beneficiários do programa, que poderá assumir uma das seguintes formas: (i) taxas mais baixas, divididas por três faixas diferentes de renda, ou (ii) subsídio igual para todos os beneficiários, independente da renda.


O rendimento médio real ainda deve se manter positivo no ano, com alta de 2,44% e ainda deveremos contar com a manutenção da taxa de desemprego em nível ainda baixo, fatores importantes para a demanda doméstica. 


Adicionalmente, o IPI para móveis deve ser mantido em 2,5% até junho deste ano, voltando à alíquota original de 5,0% no segundo semestre. Aliado à expansão vendas de imóveis, este último período com tarifas mais baixas deve contribuir para o crescimento de vendas, principalmente no primeiro semestre.  Em 12 meses, a produção acumula avanço de 2,1% até março após encerrar 2012 com alta de 0,7%.


Com isso, acreditamos que o mercado doméstico irá sustentar a demanda por móveis, levando a produção a crescer 3,0% em 2013 após a expansão de 0,7% em 2012, apesar da elevação do IPI prevista para o segundo semestre. Este desempenho deve vir da expansão do crédito e aquisição de imóveis novos e do programa “Minha Casa, Minha Vida”. As exportações também devem contribuir, ainda que de forma modesta, para o crescimento da produção, auxiliadas tanto pela diversificação dos destinos quanto pela ligeira recuperação da economia mundial.

 

Fonte: http://www.monitormercantil.com.br/index.php?pagina=Noticias&;Noticia=133543&Categoria=OPINI%C3%83%C6%92O%20DO%20ANALISTA

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