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Dólar, indústria e inflação indicam ritmo da economia

A semana começa com uma pergunta: quanto tempo mais o dólar vai resistir ao programa de vendas adotado pelo Banco Central há dez dias? Afinal, são US$ 500 milhões por dia no mercado de derivativos, mais US$ 1 bilhão de linhas externas às sextas-feiras.

Agosto foi o quarto mês seguido de alta da moeda americana. Em todo o ano passado, o real sofreu desvalorização de 15%. Só de maio para cá, a divisa brasileira acumula perda de quase 20%.

Do Oiapoque ao Chuí já se sabe que o dólar está em fase de recuperação por causa da retomada do crescimento nos EUA. Por isso, está subindo frente à maioria das moedas do mundo, principalmente às dos países emergentes. Pode começar agora em setembro a redução dos estímulos feitos pelo BC americano, o que deve manter a volatilidade do câmbio.

O Brasil vem se destacando entre os mais prejudicados com a alta do dólar porque o investidor tem cobrado um pouco mais do país em função da desconfiança na condução da política econômica. O dólar mais caro ajuda a indústria exportadora, colabora para um equilíbrio das contas externas – já que fica proibitivo gastar a rodo no exterior ou aumentar importações com esse preço. Mas o repasse para inflação é, em alguma medida, inevitável.

Estima-se que para cada 10% de desvalorização do real, o IPCA ganha 0,5 ponto percentual. Antes de alterar os preços dos produtos, as empresas esperam um tempo para saber se o novo patamar do dólar vai mesmo se fixar lá no alto e se há intenção de consumo para sustentar um reajuste dos preços sem prejudicar muito as vendas. Não é esse o cenário que estamos vivendo hoje.

Se a atividade econômica estiver mesmo perdendo força neste terceiro trimestre, principalmente nos setores de serviços e no varejo, reajustar valores pode ser um tiro no pé.

A agenda da semana tem dois dados importantes para encaixar mais peças no quebra-cabeças do quadro da economia brasileira. O IBGE divulga a produção industrial de julho que deve aparecer descendo a montanha-russa em que ela está neste ano. As expectativas são de um resultado negativo, de até 2%, depois de subir quase isso em junho. Também do IBGE vamos conhecer o IPCA de agosto, que deve ficar entre 0,20% e 0,30%.

Para completar o enredo, o BC divulga a ata da última reunião do Copom que decidiu pela alta dos juros para 9% ao ano. Para adiantar o que pode vir nas entrelinhas e nos recados do comitê é preciso ser bom em adivinhar o que pode sair da cabeça de um juiz ou de bumbum de neném.

Fonte: Portal G1

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